Yoga para crianças é uma forma de educação integral que utiliza a experiência corpóreo-sensorial como suporte para o aprendizado sobre si mesma e ensina como se mover com segurança no ambiente ao seu redor. Assim, as posturas psicofísicas ou asanas preparam o corpo para o desenvolvimento integrado do intelecto e dos sentimentos, enquanto que os yamas e nyamas – princípios éticos como a não violência, o cultivo da verdade e da alegria – são ensinados através de histórias narradas numa linguagem lúdica e arquetípica que falam à alma da criança.
As aulas são preparadas de forma a alternar posturas ativas e passivas com o objetivo de levar a criança a momentos de profunda interação social junto com os colegas, como também momentos de concentração, relaxamento e contemplação – ao apreciar, por exemplo, uma flor, olhar com atenção para a chama de uma vela ou ouvir os sons de pássaros, da água, da natureza – vivenciados através da música ou ao ar livre. É claro que uma aula de Yoga para o público infantil não pode deixar de levar em conta o dinamismo da criança, apresentando momentos de intensa movimentação na sala, com jogos e brincadeiras envolvendo o aprendizado das posturas – cuja permanência varia de acordo com a idade dos praticantes. Quanto menor a idade, menor a capacidade de concentração e, portanto, menor a permanência em cada postura. Nesse caso é preciso usar de muita criatividade, acrescentando-se sons, variações e novos jeitos de aprender e brincar dentro de cada asana. Por outro lado, não de deve perder de vista que a maioria das crianças, quando bem orientada, sabe ouvir o silêncio, aquietar-se e, principalmente, dar asas à sua imaginação. E é nesta dança de movimentação e aquietação que o universo infantil vai se revelando e expressando em sua plenitude.
Este é o objetivo da prática: canalizar a vitalidade infantil para o desenvolvimento harmonioso de sua mente, sem forçar nada, apenas incentivando a criança a expandir sua criatividade, alongar seus músculos, ouvir seus próprios sons (respiração e batimentos cardíacos), cantar e representar personagens míticos, animais, o sol, a lua, as profissões, dentre outros elementos do vasto repertório do Yoga adaptado ao universo da criança. E assim, brincando, ela vai aprendendo e praticando as posturas. Conduzida e acompanhada amorosamente pelo professor e sempre incentivada a se expressar com espontaneidade, a criança entra no exercício proposto do seu jeito, sem ser julgada, apenas apoiada para estar presente e continuar expandindo suas possibilidades. Desta maneira, a criança vai sendo conduzida a investigar seu próprio corpo e movimento, assumindo posturas físicas e incorporando suas qualidades psíquicas como experimentar ser firme como uma árvore, livre como um pássaro, forte como um guerreiro e brilhante como o sol.
Outro fator intrínseco a uma aula de Yoga para o público infantil é a expressão da alegria, o contentamento sendo um dos princípios do Yoga, vem com as brincadeiras, os jogos, mas também do contato que a criança faz com suas próprias sensações a partir dos movimentos que trazem frio, o calor, o dentro, o fora, o peso, a leveza em diferentes intensidades. É desta forma que o sorriso e as expressões de alegria são recebidas como dádivas dentro da prática, assim como se recebe a raiva, a rebeldia, a tristeza e as dificuldades, buscando a condução desses sentimentos, através dos exercícios e das histórias, para um final feliz. Isto permite à criança a entrada com segurança nas clareiras e escuridões próprias do seu processo de crescimento e o incentivo a escolher sempre a direção da luz. Ensinamos que essa luz, essa estrela brilhante, esse fogo flamejante mora dentro delas e de todas as coisas que têm vida: nos animais, nas plantas, nos astros e nas pessoas. Até mesmo os sentimentos do professor, sejam eles de alegria, tristeza ou desapontamento por alguma dificuldade em aula, devem ser expressos com sinceridade a fim de que a criança se sinta à vontade para expressar os seus e que estes sejam, igualmente conduzidos com firmeza para a luz.
São múltiplos os benefícios do Yoga para a criança. Ele pode ajudar no desenvolvimento do seu corpo, no aumento de sua concentração e proporcionar um estado de bem-estar consigo mesma e de melhora em seus relacionamentos. Além disso, pode refinar seus sentidos e desenvolver valores ecológicos e humanistas. Algumas posturas têm efeitos diretos sobre determinadas partes do corpo, como, por exemplo, vajrasana, a postura do diamante, que fortalece toda a musculatura do corpo e beneficia o sistema nervoso, além de aumentar a flexibilidade e elasticidade – qualidades inerentes às crianças que devem ser preservadas. Outras posturas mais passivas, como savasana – a criança deitada com a barriga para cima -, produzem efeitos sedativos e acalmam a criança. Já o trataka, sendo um kriya ou técnica de purificação, pode ser executado de maneira criativa – fixando-se os olhos numa vela, numa luz suave, na ponta do nariz ou na base do polegar -, permitindo trazer o foco e a atenção tão necessários ao processo educativo.
Também existem posturas contra-indicadas para problemas de coluna, pulmonares e cardíacos que requerem uma orientação adequada.
São inúmeros, igualmente, os benefícios do Yoga integrado à educação nas escolas. Embora esse campo de atuação esteja só brevemente florescendo, as experiências que existem são suficientes para a demonstração de uma melhora no aprendizado, um apaziguamento de crianças hiper-ativas, uma melhora no relacionamento com os colegas e com os professores em classe. Pois a criança aprende a lidar melhor com suas dores físicas e emocionais, a se mover com maior agilidade no espaço e tempo escolar através de uma percepção mais adequada de si mesma, do outro e do seu entorno.
Assim, ela pode desenvolver um cuidado maior com sua própria saúde e compartilhar esse cuidado com os demais seres vivos. Além disso, vale acrescentar que, se observarmos as crianças brincando, contataremos que elas já praticam, naturalmente, várias das posturas do Yoga em seu dia-a-dia, nas brincadeiras, em sua vida.
Então, se nós, adultos pudéssemos observar e respeitar essa inteireza, quem sabe poderíamos compreender melhor como interagir com o público infantil e, ao mesmo tempo, como tornar a nossa própria prática mais espontânea, sincera e feliz. Quer dizer, praticarmos Yoga sem o conceito de feio e bonito, vitória ou derrota, de forma a estarmos mais livres para expressarmos o Ser dentro da prática. Como uma criança que faz Yoga e que, em muitos momentos, entra no estado de Yoga naturalmente, expressando seus sentimentos por inteiro no exato momento em que acontecem, no tempo presente, agora trata-se de buscar, na expressão de Sri Swami Satchidananda, uma “pratica completa que se refere a todos os aspectos do indivíduo: a parte física, emocional, espiritual e social, e nos leva também ao entendimento e domínio da própria mente. Quando a mente consegue chegar ao estado pleno de concentração e clareza, então podemos ver dentro de nós mesmos e experimentar a paz e a felicidade que é nossa verdadeira natureza”.
Desta maneira, cultivar esse estado de Yoga nas crianças (e em nós) de forma espontânea, livre e permanente é o desafio que nos colocamos nesse trabalho, na busca de abrir espaço para que a Consciência Maior se manifeste em cada célula, em cada fase da vida e em toda a vida aqui na terra, mesmo sabendo que estamos na infância desse processo, pois, como disse Sri Aurobindo, precursor do Yoga Integral “o homem perfeito é uma criança divina”.
Finalizamos, aqui, no ponto onde o Yoga inicia, com uma das possíveis traduções de primeiro sutra de Patanjali: atha yoganusasanam – “o Yoga começa agora”. E solicitamos ao leitor refletir se é na criança onde a prática do Yoga deve começar. Namastê.
As aulas são preparadas de forma a alternar posturas ativas e passivas com o objetivo de levar a criança a momentos de profunda interação social junto com os colegas, como também momentos de concentração, relaxamento e contemplação – ao apreciar, por exemplo, uma flor, olhar com atenção para a chama de uma vela ou ouvir os sons de pássaros, da água, da natureza – vivenciados através da música ou ao ar livre. É claro que uma aula de Yoga para o público infantil não pode deixar de levar em conta o dinamismo da criança, apresentando momentos de intensa movimentação na sala, com jogos e brincadeiras envolvendo o aprendizado das posturas – cuja permanência varia de acordo com a idade dos praticantes. Quanto menor a idade, menor a capacidade de concentração e, portanto, menor a permanência em cada postura. Nesse caso é preciso usar de muita criatividade, acrescentando-se sons, variações e novos jeitos de aprender e brincar dentro de cada asana. Por outro lado, não de deve perder de vista que a maioria das crianças, quando bem orientada, sabe ouvir o silêncio, aquietar-se e, principalmente, dar asas à sua imaginação. E é nesta dança de movimentação e aquietação que o universo infantil vai se revelando e expressando em sua plenitude.
Este é o objetivo da prática: canalizar a vitalidade infantil para o desenvolvimento harmonioso de sua mente, sem forçar nada, apenas incentivando a criança a expandir sua criatividade, alongar seus músculos, ouvir seus próprios sons (respiração e batimentos cardíacos), cantar e representar personagens míticos, animais, o sol, a lua, as profissões, dentre outros elementos do vasto repertório do Yoga adaptado ao universo da criança. E assim, brincando, ela vai aprendendo e praticando as posturas. Conduzida e acompanhada amorosamente pelo professor e sempre incentivada a se expressar com espontaneidade, a criança entra no exercício proposto do seu jeito, sem ser julgada, apenas apoiada para estar presente e continuar expandindo suas possibilidades. Desta maneira, a criança vai sendo conduzida a investigar seu próprio corpo e movimento, assumindo posturas físicas e incorporando suas qualidades psíquicas como experimentar ser firme como uma árvore, livre como um pássaro, forte como um guerreiro e brilhante como o sol.
Outro fator intrínseco a uma aula de Yoga para o público infantil é a expressão da alegria, o contentamento sendo um dos princípios do Yoga, vem com as brincadeiras, os jogos, mas também do contato que a criança faz com suas próprias sensações a partir dos movimentos que trazem frio, o calor, o dentro, o fora, o peso, a leveza em diferentes intensidades. É desta forma que o sorriso e as expressões de alegria são recebidas como dádivas dentro da prática, assim como se recebe a raiva, a rebeldia, a tristeza e as dificuldades, buscando a condução desses sentimentos, através dos exercícios e das histórias, para um final feliz. Isto permite à criança a entrada com segurança nas clareiras e escuridões próprias do seu processo de crescimento e o incentivo a escolher sempre a direção da luz. Ensinamos que essa luz, essa estrela brilhante, esse fogo flamejante mora dentro delas e de todas as coisas que têm vida: nos animais, nas plantas, nos astros e nas pessoas. Até mesmo os sentimentos do professor, sejam eles de alegria, tristeza ou desapontamento por alguma dificuldade em aula, devem ser expressos com sinceridade a fim de que a criança se sinta à vontade para expressar os seus e que estes sejam, igualmente conduzidos com firmeza para a luz.
São múltiplos os benefícios do Yoga para a criança. Ele pode ajudar no desenvolvimento do seu corpo, no aumento de sua concentração e proporcionar um estado de bem-estar consigo mesma e de melhora em seus relacionamentos. Além disso, pode refinar seus sentidos e desenvolver valores ecológicos e humanistas. Algumas posturas têm efeitos diretos sobre determinadas partes do corpo, como, por exemplo, vajrasana, a postura do diamante, que fortalece toda a musculatura do corpo e beneficia o sistema nervoso, além de aumentar a flexibilidade e elasticidade – qualidades inerentes às crianças que devem ser preservadas. Outras posturas mais passivas, como savasana – a criança deitada com a barriga para cima -, produzem efeitos sedativos e acalmam a criança. Já o trataka, sendo um kriya ou técnica de purificação, pode ser executado de maneira criativa – fixando-se os olhos numa vela, numa luz suave, na ponta do nariz ou na base do polegar -, permitindo trazer o foco e a atenção tão necessários ao processo educativo.
Também existem posturas contra-indicadas para problemas de coluna, pulmonares e cardíacos que requerem uma orientação adequada.
São inúmeros, igualmente, os benefícios do Yoga integrado à educação nas escolas. Embora esse campo de atuação esteja só brevemente florescendo, as experiências que existem são suficientes para a demonstração de uma melhora no aprendizado, um apaziguamento de crianças hiper-ativas, uma melhora no relacionamento com os colegas e com os professores em classe. Pois a criança aprende a lidar melhor com suas dores físicas e emocionais, a se mover com maior agilidade no espaço e tempo escolar através de uma percepção mais adequada de si mesma, do outro e do seu entorno.
Assim, ela pode desenvolver um cuidado maior com sua própria saúde e compartilhar esse cuidado com os demais seres vivos. Além disso, vale acrescentar que, se observarmos as crianças brincando, contataremos que elas já praticam, naturalmente, várias das posturas do Yoga em seu dia-a-dia, nas brincadeiras, em sua vida.
Então, se nós, adultos pudéssemos observar e respeitar essa inteireza, quem sabe poderíamos compreender melhor como interagir com o público infantil e, ao mesmo tempo, como tornar a nossa própria prática mais espontânea, sincera e feliz. Quer dizer, praticarmos Yoga sem o conceito de feio e bonito, vitória ou derrota, de forma a estarmos mais livres para expressarmos o Ser dentro da prática. Como uma criança que faz Yoga e que, em muitos momentos, entra no estado de Yoga naturalmente, expressando seus sentimentos por inteiro no exato momento em que acontecem, no tempo presente, agora trata-se de buscar, na expressão de Sri Swami Satchidananda, uma “pratica completa que se refere a todos os aspectos do indivíduo: a parte física, emocional, espiritual e social, e nos leva também ao entendimento e domínio da própria mente. Quando a mente consegue chegar ao estado pleno de concentração e clareza, então podemos ver dentro de nós mesmos e experimentar a paz e a felicidade que é nossa verdadeira natureza”.
Desta maneira, cultivar esse estado de Yoga nas crianças (e em nós) de forma espontânea, livre e permanente é o desafio que nos colocamos nesse trabalho, na busca de abrir espaço para que a Consciência Maior se manifeste em cada célula, em cada fase da vida e em toda a vida aqui na terra, mesmo sabendo que estamos na infância desse processo, pois, como disse Sri Aurobindo, precursor do Yoga Integral “o homem perfeito é uma criança divina”.
Finalizamos, aqui, no ponto onde o Yoga inicia, com uma das possíveis traduções de primeiro sutra de Patanjali: atha yoganusasanam – “o Yoga começa agora”. E solicitamos ao leitor refletir se é na criança onde a prática do Yoga deve começar. Namastê.
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