quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os ásanas (posturas yogis) e as dores nas costas: "lubrificando" a máquina psicossomática



" traduzida literalmente, a palavra 'ásanas' significa 'posturas'. Mas os ásanas são mais do que isso, como vocês verão quando descobrirem que o Yoga sempre associa a mente ao corpo. Os por quês e os comos pormenorizados de todos os ásanas fogem âmbito de nosso estudo. Gheranda Samhita, um antigo compêndio, cita, literalmente, milhares de ásanas.O tônus muscular é controlado e modificado pela interação de impulsos sensitivos de várias partes do corpo e dos centros nervosos superiores; o músculo, normalmente flexível, elástico e dócil, pode ser deformado e enrijecido por uma psique perturbada, do que resulta uma contínua falta de equilíbrio do corpo e da mente, e que o yoga concorre para restaurar esse equilíbrio.


Isso não quer dizer que a prática do yoga se destina exclusivamente a beneficiar os portadores de desequilíbrios psicológicos. Embora, sem dúvida, ela seja capaz no caso de pessoas nessas condições, aqui nos interessa o aspecto do yoga como "lubrificante" das várias partes do corpo e da mente, assegurando um funcionamento suave e um trabalho eficiente da máquina psicossomática.


O homem pagou pela aquisição de uma postura erecta um preço elevado: a predisposição cada vez maior para as dores nas costas. A vida sedentária e o resultante aumento da obesidade provocam a frouxidão da musculatura do corpo, sobretudo da parte de sustentação, que tornou as dores nas costas tão comuns quanto o resfriado comum.


Homem ou mulher, você poderá avaliar por si mesmo os tremendos benefícios que conseguirá obter do yoga com um esforço relativamente pequeno.


O ponto mais importante que é preciso compreender antes de começar a prática do yoga é que os ásanas não são simples exercícios, mas modelos sistemáticos, constantes, de postura. Neles não se admitem movimentos convulsivos, e até em alguns ásanas dinâmicos o movimento tem de ser lento, espontâneo, uniforme. O sistema neuromuscular se compõe de tal forma que para cada grupo de músculos que se contraem, outro grupo de músculos se relaxa. Em estados de tensão, essa inervasão recíproca torna-se deficiente. Por sua própria natureza, os ásanas reorganizam e recondicionam o sistema, a fim de estabelecer a harmonia fisiológica entre ambos.


De acordo com os cássicos, o objetivo dos ásanas é proporcionar estabilidade e bem-estar. Para consegui-lo, cumpre que o ásana seja executado sem qualquer controle consciente, de modo que, enquanto o corpo se acha numa determinada pose, o espírito está livre para a comtemplação. Isso não é fácil. Procurarei elucidá-lo melhor.


Se você observar uma criança procurando dar os primeiros passos, verificará que todo o seu ser se concentra na execução da ação de colocart um pé diante do outro. Até uma momentânea interrupção da concentração a fará cair e procurar agarrar-se ao apoio mais próximo. Agora, compare essa situação com a facilidade isenta de esforço com que você anda ou fica em pé. Nada disso requer reflexões conscientes nem concentração, e você pode conversar ou exercer qualquer outra atividade sem correr o risco de cair. É essa espécie de condicionamento que o seu sistema precisa sofrer para que você se torne proficiente na execução dos ásanas.


A princípio, terá de fazer um esforço deliberado. Gradativamente, porém, com a prática continuada, o seu corpo responderá e desenvolverá uma flexibilidade e uma liberdade de movimentos que nunca lhe pareceram possíveis. É claro que há pessoas incapazes de conseguir uma postura perfeita. Deixemo-las executarem imperfeitamente os ásanas; mesmo assim elas receberão consideráveis benefícios da sua prática. Você não deve ficar desacorçoado só porque não pode repetir as contorções do seu mestre de Yoga. Enquanto o esforço é feito sistematicamente e se consegue a máxima mobilidade possível, os benefícios do Yoga se revelarão de imenso valor. Em nenhuma fase você deverá ir além de uma ligeira sensação de dor (ainda que brandamente agradável). Um esforço demasiado vigoroso poderá resultar em dano e na negação do bem já obtido."




(trecho retirado do livro: Ioga para a sua Coluna , de Pandit Shiv Sharma.)

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